quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Haruki Murakami

Esta chegando o fim do ano e junto com ele minha viagem on the road até o atacama. Por isso deixo aqui no PINKY TOKYO um incrível presente de Natal a todos: HARUKI MURAKAMI. Para mim 2008 não seria o mesmo se não tivesse conhecido Murakami, o primeiro que li foi Norwegian Wood. Este livro é para quem esta em Tóquio, a história fala de Toru Watanabe um jovem universitário japonês, seus encontros e desencontros pelas que ruas da cidade, sua estranha paixão por Naoko, perambulando pelos trens da JR line. A divertida Midori com quem vai a bares em shinjuku...
Os livros de Murakami falam sempre de pessoas que se põem à margem da sociedade, que se retiram dela e vivem dentro de um mundo estrangeiro próprio de cada um. Os livros são cheios de referências ocidentais, músicas, filmes, livros, artistas mostrando um Japão incrivelmente contemporanêo que se vive nas ruas das cidades como ele fala “Tudo que preciso saber na vida aprendi no meu bar de jazz.” um bar que ele teve em Kokubunji, Tóquio.
Sem dúvida a obra prima dele é Kafka à beira Mar, a jornada de Kafka Tamura um menino de quinze anos que foge de casa temeroso do destino edipiano traçado pelo pai, "um dia você ira matar seu pai e dormir com sua mãe", fugido do destino passa por lugares e emoções escondidas....
Estou agora lendo Minha Querida Sputnik, mas fico um pouco triste cada vez que lembro que esse é o último que foi traduzido e aí teremos que esperar o próximo livro do incrível Murakami San.

Batakusai

O Japão permaneceu durante séculos fechado para o ocidente. Sua culinária baseada na soja, arroz, vegetais e peixes, jamais havia provado qualquer derivado do Leite. Com a abertura do país chega em terra a manteiga, o leite e os queijos.... junto com eles surge a expressão BATAKUSAI para referir-se ao que era ocidental, a palavra quer dizer " cheirando a manteiga". Foi assim amanteigado que o ocidente entrou no Japão.


segunda-feira, 15 de dezembro de 2008

canteiro fashion


Existe moda até dentro da construção civil no Japão. Ao avistar o primeiro trabalhador com aquelas calças incríveis, logo quis saber por que elas tinham a forma de um balão. O trabalhador que especificamente as usa é conhecido como Tobi, o nome foi adotado no período Edo, quando por analogia a uma espécie de pássaro chamada Tobi Tobi passou-se a denominar o trabalhadores que ficava nas alturas de Tobi. Por envolver uma grande dose de perigo no seu trabalho eles são como celebridades e usam a roupa para se identificar entre todos os outros, como se fosse uma faixa preta do karate. A grande razão para a calça ter forma de balão é sem dúvida o conforto, mas também se alega que o balão serve como um campo protetor fazendo sentir os obstáculos antes que eles toquem a perna. Além disso o tornozelo mais apertado ajuda a estimular a circulação sanguínea garantindo mais horas de trabalho...
ah! tem também as botas Tabi com os dedos separados garantindo maior contato com o chão... reparem nessas douradas.... um luxo!!!





sexta-feira, 12 de dezembro de 2008

COMBINE

O combine fica a beira do rio meguro, um canal todo rodeado de frondosas cerejeiras, bares, restaurantes, livrarias e lojas. É o spot perfeito num sábado a beira do rio para ver as cerejeiras floridas durante o hanami. Ou se preferir, na agitada noite de sexta-feira, uma ótima oportunidade de conhecer jovens artistas e arquitetos japones e também gaijins, que adoram este bar com estantes cobertas de livros de arquitetura, arte e design. O bar também recebe ótimo djs e vários pocket shows....

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

fazendeiros urbanos


A cidade de Tóquio é uma entre muitas outras metrópoles do mundo que sofre com o aumento de temperatura. Esta cidade que tem apenas 14% de áreas verdes, e uma enorme quantidade de prédios e asfalto, encontrou uma bela saída para o problema: o cultivo de alimentos nas coberturas dos seus edíficios!
Uma lei que acaba de ser aprovada pelo governo garante que os novos edíficios ocupem 20% da área da sua cobertura com jardins. Além disso uma lei de incentivo reduz o imposto de quem cultivar alimentos em seus jardins urbanos. Kitazawa San um dos primeiros fazendeiros urbanos, já cultiva em sua cobertura batatas e arroz!

segunda-feira, 8 de dezembro de 2008

Tadao Ando



Tadao Ando, o principal arquiteto japonês, ganha neste final de ano uma retrospectiva na MA gallery.
A grande vedete da exposição é uma maquete 1:1 da row house, um dos primeiros projetos do arquiteto. A casa fica num terreno estreito de 3 por 15 em Osaka; o programa se divide em dois blocos e entre eles um pátio aberto ao céu... Para ir do quarto ao banheiro é necessário passar pelo pátio e portanto pela chuva e pelo sol, uma vida com a natureza. Para Tadao, esta é uma casa a qual você tem que se adaptar....
Esta galeria tem sempre ótimas exposições e também a melhor livraria de arquitetura da cidade. Quem patrocina tudo isso é a marca TOTO, a DECA deles...

quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

corbusier em Tóquio


...é, o corbu também esteve lá! O National Museum of Western Art, fica no parque de Ueno o maior parque da cidade. O projeto segue o protótipo do "museu do crescimento ilimitado" no qual o percurso se desenvolve por um espiral contido dentro do volume externo quadrado. Os espaços internos são todos iluminados por aberturas zenitais e a coleção é principalmente de artistas europeus. é um bom exemplo da cultura ocidental no Japão....

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

pelo metro....

...hoje dia 02, o dia do meu aniversário, lembrei da incrível sensação de descer numa estação de metro em Tóquio. Andar pelas plataformas lotadas, sem compreender nada o que se fala ou que esta escrito, e mesmo assim sentir que se faz parte daquilo tudo. Sentir que apesar de ser único, por ser ocidental, você é apenas um entre muitos...e ouvir junto com as passadas rápidas, as risadas, o canto dos pássaros, que é a trilha sonora das estações da cidade...

segunda-feira, 1 de dezembro de 2008

em louvor da sombra

"Mas como a beleza sempre se desenvolve em meio à realidade de nosso cotidiano, nossos antepassados, obrigados a habitar aposentos escuros, descobriram beleza nas sombras para favorecer o belo. Realmente, a beleza do aposento japonês é apenas gradação de sombras, nada mais nada menos."
...quem passeia à noite pelas ruas de Shibuya, iluminadas por estridentes neons, não consegue imaginar como era passear pela Tóquio do período Edo. Neste ensaio de 1933 Juichiro Tanizaki revoltado contra a invasão dos valores ocidentais, conta como é a beleza das sombras, do mistério e da profundidade... ele convida a apagar a luz e ver o seu Japão, feito da madeira e do shoji...

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

inu show



Num certo domingo de sol em Omotesando.....

kyubey

Uma viagem guiada ao paraíso...

...essa é a sensação que você tem durante um almoço no restaurante Kyubey de Tóquio. Este é um dos grandes restaurantes de Guinza, o bairro com maior concentração de restaurantes de shushi da cidade. O almoço lá é comandado pelo chefe que conta em japonês cada um dos incríveis sushis, que ele prepara especialmente para você. Lá a proporção é de um chefe para cada duas pessoas.... ficamos todos sentados em balcões de frente para o sushiman a grande estrela!
Você pode escolher entre 3 tipos de omakase (menus) de a 50, 60 e 80 dólares. Todos os peixes chegam no balcão vivos, e morrem pela lámina do shushiman....ou como a vieira com uma pancada precisa. Mais do que um almoço é uma experiência etmológica pela cultura e culinária desse país. Crus os peixes chegam a mesa com cores vibrantes....como fala Barthes no seu livro O Império dos Sentidos:

"A Crueza é a Divindade Tutelar da comida japonesa: Tudo nessa cozinha se faz sempre diante de quem come (marca fundamental), é que talvez seja importante consagrar, pelo espetáculo, a morte daquilo que se honra."

PS: como quase todos os restaurantes de Tóquio tem que fazer reserva!!!! se arrisque no japonês e ligue para: +81-3-3571-6523

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Takeshita Dori


A alma de Harajuku, esta é a rua onde ficam os estudantes colegiais depois da escola. Ao 12:00 começa a encher de meninas vestidas de lolitas e meninos descolados, todos andando em gangue... A moda lá é comer um tipo de crepe com sorvete... tudo lá é Pink do sorvete as roupas!!! O problema é conseguir atravessar a rua num sábado a tarde....
Pra quem quer comprar as roupas que estão na moda entre os jovens este é o lugar... é tudo barato e muito colorido....


segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Toyo Ito, em Tama.


Esta bliblioteca do Toyo Ito fica na periferia de Tóquio a 40 mim de trem. Chegando em Tama dá para ir a pé até a universidade. Para entrar na biblioteca basta falar que você é estudante....é uma biblioteca de arte e por isso vale a pena ir lá pra passar o dia e aproveitar pra fuçar os livros e a mediatéca que tem filmes incríveis....

Este é o hall de entrada, todo rampado ele vence o desnível entre as duas ruas que dão acesso a biblioteca.



Subindo a escadaria você vê a mediatéca. Repare nas cadeiras que incríveis...são como uma manta que podem ser moldadas nos corpo....

A estrutura do edifício se divide em alguns pontos de apoio não ortogonais, dos pilares seguem quatro arcos em diferentes direções. A estrutura dá o ritmo ao espaço e funciona como uma barreira sutíl que cria a hierarquia no espaço aberto...



No piso superior ficam as estantes com livros. O Ito desenhou todos os móveis, estantes cadeiras e essas mesas com sofás que contornam todo o perímetro do andar....


Na área das revistas tem esse enorme puff que dá pro jardim da universidade....


domingo, 23 de novembro de 2008

Tóquio, no address.

Em Tóquio as ruas não tem nome e as casas não tem número. Os endereços são números que localizam uma quadra dentro de uma certa região da cidade. Este sistema ilógico leva a uma relação completamente diversa do pedestre com a cidade. Nos cartões de visita ao invés de um endereço as pessoas colocam um mapa que relaciona sua casa com os pontos de referência mais importantes do bairro, a posição clara da casa na cidade. As ruas não existem como registro e devem ser percorridas para serem conhecidas: é preciso orientar-se não pelo livro, nem pelo endereço, mas pela caminhada, pela visão, pelo hábito, pela experiência....as ruas se colocam como parte da lembrança de um passeio num certo dia de sol.

O mais difícil de tudo isso é conseguir que um táxi te leve até a porta da sua casa, você chega no máximo até a avenida ou a estação mais próxima, a partir daí niguém sabe onde vai dar......

sexta-feira, 21 de novembro de 2008

紫蘇 - shissô

... o gosto do Japão. É uma erva muito usada na culinária japonesa, principalmente no arroz, no sushi, no sashimi e na preparação do umeboshi um dos muitos picles japoneses ... Quando penso no Japão sinto o cheiro do shissô...

junya ishigami

Junya Ishigami é o grande nome entre os jovens arquitetos japoneses, muito controverso no meio, faz um trabalho muito conectado com as artes plásticas e principalmente com a natureza. A gravidade é o grande tema dele. O limite entre arquitetura, ar e natureza. Ele procura o tempo todo criar espaço com limites ambíguos, flutuantes. Uma das suas primeiras intervenções foi no MOT, lá ele colocou um enorme balão prateado criando com este elemento instável um espaço fantástico.


Sua primeira obra construída foi dentro do Kanagawa Institute of Technology, um atelier para "fazer coisas". A obra é marcada pela transparência e pela leveza. Junya que trabalhou anos no escritório SANAA tem como seus mestres uma grande paixão pelo branco, a trasparência, espaços transcendentes. O bonito lá é a forma como ele faz a estrutura: as cargas são suportadas muitos pilares, esbeltos e de forma retangular com eixos em diversas direções formando dentro do grande espaço aberto anteparos que repartem o espaço. Um limite ténue entre o espaço aberto e fechado.


Ishigami San, foi o representante do Japão na última Bienal de Arquitetura de Veneza, junto com o super botânico Hideaki Ohba. O pavilhão EXTREME NATURE, ele construiu edifícios em 1:1, são estufas leves que foram precisamente calculadas para que a estrutura levíssima pudesse criar a uma barreira quase invisível entre externo e interno.

voilá ishigami san!

quarta-feira, 19 de novembro de 2008

guarda-chuva, um bem público.



Em Tóquio guarda chuva é um bem público. Todos os habitantes da cidade usam um guarda-chuva igual: ele é transparente, varia no diâmetro e custa 300 ienes (3 dólares). Na porta da maioria dos restaurantes, metros e lojas tem sempre um porta guarda-chuva cheio deles. O problema começa pois todos eles são idênticos e portanto se misturam com facilidade, além disso milhares deles são largados pela cidade....todos eles tem um dono comum a própria cidade. Po isso alguns estudantes da Universidade de Aoyama formoaram uma ONG de resgate a guarda-chuvas, a shibukasa (kasa= guarda-chuva) eles recolhem os vários guarda-chuvas esquecidos e depois colocam em pontos estratégicos da cidade, para serem usados livremente. O objetivo é ajudar aqueles que não tem um guarda- chuva quando começa a chover....



e que venha a chuva....

shibuya crossing

é o cruzamento mas lotado do mundo...indescritível, uma multidão!!!! fica na saída Hachiko da estação |Shibuya e conecta as três principais ruas do bairro. Lá ficam aqueles enorme outdors animados....é o lugar onde você sente que esta realmente naTóquio que sonhamos....



Este é o principal ponto de encontro da cidade, os jovens antes de sair a noite pelos bares e discos de Shibuya se encontram na Hachiko Exit por isso é um ótimo lugar para observar o burburinho da noite. Ah Shibuya é uma bairro NON SMOKING, lá tem uma série de cabines e corners para os fumantes....

procurando apê


Em Tóquio cada bairro tem uma vida própria, completamente diferentes entre si abrigam um certo tipo de gente e tem diferentes escalas urbanas. Os bairros não são muito bem conectados entre si já que enormes viadutos e vias de alta velocidade cortam toda a cidade. A primeira questão foi em que bairro morar. Dentro dos bairros mais centrais tinha que optar entre Harajuku, Shibuya, Meguro, Nakameguro e Roppongi que ficavam +- na mesma linha de metro do trabalho. Harajuku é o bairro onde ficam os jovens com aquelas roupas malucas que são a cara de Tóquio. Shibuya tem uma grande estação de metro e por isso é um dos bairros mais centrais, cheio de lojas, restaurantes e bares....é onde fica o cruzamento mais cheio do mundo por onde passam milhares de pessoas todos os dias. Meguro e Nakameguro tem mais jeito de bairro, não são tão cosmopolitas como os anteriores mas é onde ficam os bares e restôs mais novos da cidade. E por fim Roppongi o bairro dos gaijins, expats, cheio de bares italianos, mexicanos... todos aqueles lugares que você não quer ir.... . Dentre todos estes optei em ficar entre Harajuku e Shibuya mais precisamente próximo a rua Omotesando, a avenida onde ficam as lojas feitas pelo star sistem da arquitetura mundial.
Eu encontrei meu quarto através do site: http://www.tokyoroomfinder.com/fiquei hospedada num apê que chama La casa Gaeinmae, era perfeito, bem localizado, novinho...além desse site tem as sakura house (http://www.sakura-house.com/) que são repúblicas espalhadas pela cidade . A grande questão é conseguir se comunicar com os donos dos quartos que em geral só falam japonês e por isso esses sites ajudam bastante...

guia de sobrevivência


Todos nós morremos de medo de ir pra Tóquio... no nosso imaginário é o mais longe que podemos ir....é o outro mundo, o lado de lá. Para se preparar para esta empreitada tem guias, sites e livros. Estes sites em especial são fantásticos o melhor meio de sobrevivência para um gringo em Tóquio. então aí vai:
http://www.tokyoartbeat.com
http://pingmag.jp/
http://metropolis.co.jp/default.asp, este também é uma revista gratuita que é distribuída em lojas e restôs da cidade

segunda-feira, 17 de novembro de 2008

tokyo no divã



Já voltei do Japão há 5 meses... agora depois de muita São Paulo achei que para digerir tudo o que vi e vivi por lá precisava escrever e relembrar cada passo, rua e imagem...
Quando me perguntam como foi o Japão a minha respostas e sempre a mesma: foi incrível!....mas por algum motivo nunca passo desta frase. Acho que é por que ainda não entendi muito bem tudo, e por isso num processo quase psicanalílico passo a contar aqui um pouco da Tóquio que vi....